Se pensava que os bovinos serviam apenas de alimento ou para a agricultura desengane-se. Afinal as vacas também podem ser ajudar a travar o aquecimento global do planeta.
Um relatório recente da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) revela que as emissões dos gases de estufa do setor da pecuária poderiam ser reduzidos para 30% se houvesse uma melhor utilização das tecnologias existentes.
Ao todo, os gases associados às cadeias de fornecimento de gado representam 14,5% das emissões dos gases de efeito de estufa emitidos para a atmosfera. As principais fontes de emissão são na produção e processamento de alimento dos bovinos, durante a digestão feita pelos animais e quando ocorre a decomposição.
Ren Wang, assistente do diretor geral da FAO, explica que é “imperativo que o setor comece a trabalhar agora para alcançar as reduções dos gases, de forma a ajudar a compensar os aumentos de emissões globais que o crescimento da produção de gado vai acarretar”.
Mas agora, um grupo de cientistas está a tentar implementar um sistema inovador que promete revolucionar a indústria da pecuária. O Instituto Nacional de Agricultura e Tecnologia da Argentina (INTA) desenvolveu uma forma que permite transformar os gases de efeito de estufa libertados pelos bovinos em gás natural.
Uma vaca é suficiente para dar energia a um frigorífico
De acordo com a Reuters, através do uso de válvulas, bombas e tubos ligados ao estômago do animal é possível canalizar os gases digestivos para um pequeno tanque colocado no dorso do mesmo.
Os gases, vulgarmente chamados de “arrotos”, são depois processados para separar o metano dos outros gases como o dióxido de carbono. O metano é o principal componente do gás natural, usado na alimentação de plantas ou no abastecimento de automóveis. “Uma vez feita a sua compressão, é o mesmo que ter gás natural”, refere Guillermo Berra, investigador do INTA, em declarações à Reuters.
Cada cabeça de gado emite entre 250 e 300 litros de metano puro por dia, energia suficiente para manter um frigorífico a funcionar por 24 horas.
Guillermo Berra explica ainda que, atualmente o metano como fonte de energia não é muito prático mas se “olharmos para 2050, quando as reservas de combustíveis fósseis estiverem com problemas, é uma alternativa”.