Um psiquiatra português vai ingressar no maior centro mundial de estudo do cérebro, em Los Angeles, nos EUA, depois de se ter tornado o primeiro no nosso país a ganhar uma bolsa internacional para a investigação do mapa cerebral por jovens.
Um psiquiatra português vai ingressar no maior centro mundial de estudo do cérebro depois de se ter tornado o primeiro no nosso país a ganhar uma bolsa internacional para a investigação do mapa cerebral por jovens do NARSAD (Aliança Nacional de Pesquisa sobre Esquizofrenia e Depressão) de Los Angeles, nos EUA.
Tiago Reis Martins irá, agora, estudar ligações entre neurónios e informações genéticas para perceber qual o medicamento adequado a cada paciente com surto psicótico e as possibilidades de prevenir a doença.
A distinção vai, portanto, permitir ao médico português aprofundar o trabalho que tem vindo a desenvolver nesta área no Instituto de Psiquiatria do Kings College, em Londres, através do qual estudou as alterações nas ligações de doentes com surtos psicóticos.
“Vou trabalhar com o maior centro mundial no mapeamento cerebral, onde se tenta reconstruir quase fio por fio as ligações cerebrais; vou trabalhar com matemáticos e engenheiros para criar modelos matemáticos e 'software'”, de modo a compreender o funcionamento do cérebro, resume Tiago Reis Marques, em declarações à Lusa.
O objetivo do investigador é integrar dados acerca do funcionamento das ligações entre neurónios e as caraterísticas herdadas por cada pessoa, de modo a aumentar a probabilidade de acertar a terapêutica correta para cada caso e mesmo prevenir o aparecimento do primeiro surto psicótico.
Português quer integrar informação genética na análise
De acordo com Tiago Reis Marques, a tecnologia atual permite já, “com uma imagem das ligações cerebrais [obtida através de ressonância magnética]”, prever “que alguns doentes vão responder a uma determinada medicação enquanto outros não, e traduzir isso numa aplicação prática”.
Porém, com a nova bolsa, o psiquiatra português quer abranger mais variantes na sua análise e “não só olhar para os fios de ligação entre neurónios, mas também integrar informação genética e informação funcional, ou como os neurónios respondem a determinados estímulos”, salienta.
Em última instância, pretende-se “utilizar o grande conjunto de dados já existente, não só para prever resposta à terapêutica, mas também para outras coisas como prever risco” de, perante determinadas caraterísticas e condições, alguém vir a ter uma doença psicótica, apostando na medicina mais preventiva e prognóstica, esclarece o investigador.
“O tratamento de um paciente com uma psicose custa milhares de euros e cada dia que passa sem o doente responder é um grande fardo para o sistema nacional de saúde e para o doente”, sublinha.
Como tal, a aplicação prática de prognóstico será uma boa solução para obter uma resposta acerca do fármaco indicado e da dose adequada a cada situação, tornando a terapia mais eficaz.