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Britânico vive em ilha deserta há 40 anos

Nos anos 60, o britânico Brendon Grimshaw, concretizou um sonho excêntrico: por 8 mil libras (cerca de 10 mil euros), comprou uma ilha deserta nas Seychelles.
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Nos anos 60, o britânico Brendon Grimshaw, concretizou um sonho excêntrico: por 8 mil libras (cerca de 10 mil euros), comprou uma ilha deserta nas Seychelles. Este Robinson Crusoe dos tempos modernos vive no local há 40 anos e o seu principal objetivo é proteger a vida selvagem e evitar que a ilha se transforme num empreendimento turístico.
 
Agora com 86 anos, o ex-jornalista acorda todos os dias ao som das ondas do mar e do vento a abanar as palmeiras. Uma das suas principais ocupações é proteger a fauna e a flora da ilha Moyenne.
 
Plantada em pleno Oceano Índico, a ilha era completamente selvagem quando Brendon se mudou para lá. E é assim que continua, ainda que tenha agora o toque do trabalho de um homem que a aproximou ainda mais da ideia de paraíso natural.
 
O jornalista da BBC Simon Reeve visitou o local e explica que, no meio de todas as ilhas das Seychelles compradas por milionários e colonizadas por grandes resorts de férias, Moyenne destaca-se pelo seu aspeto “selvagem” e “inabitado”.

Grimshaw reintroduziu espécies autóctones na ilha
 
Brendon Grimshaw vive numa cabana de madeira, cercado por tartarugas gigantes que ele próprio ajudou a reintroduzir na ilha, depois de se tornarem uma espécie ameaçada. O único habitante da ilha desenhou-lhes números nas carapaças e deu nomes a algumas delas.
 
No total, Brendon levou para a ilha mais de 100 tartarugas. O mesmo aconteceu com cerca de 2 mil pássaros de espécies raras, encorajados pelo britânico a nidificarem no local. Por fim, conta-se que terá plantado mais de 16 mil árvores, palmeiras e arbustos.
 
Brendon conheceu as Seychelles em meados dos anos 50. “Comecei a pensar em comprar uma propriedade quase no exato momento em que aqui cheguei, mas não estava a conseguir encontrar o lugar certo”, disse à BBC.
 
Mas assim que ouviu falar de Moyenne e que pisou o solo da ilha, “soube que era o lugar certo”. Jantou com o antigo proprietário e o acordo ficou estabelecido.
 
Nos primeiros anos, com muito trabalho para ser feito na ilha, o novo habitante contratou um habitante local, Rene Lafortune. Ambos conseguiram transformar a ilha. Plantaram árvores de fruto e vegetais e construíram um sistema de obtenção de água com as próprias mãos. Mais tarde chegaram os fios de eletricidade, o telefone e a água canalizada.
 
“Mas não o estávamos a fazer para tornar o local num parque nacional ou algo assim”, assegura Brendon, “estávamos apenas a torná-lo habitável”.

Britânico só se sentiu sozinho quando vivia em Londres

 
Entretanto, Rene Lafortune faleceu e Brendon ficou com as suas tartarugas e alguns cães. Mas assegura que só se sentiu sozinho uma vez na vida.
 
“Sim, apenas uma vez na vida – quando vivia no meu quarto em Londres. Era miserável nessa altura, mas nunca aqui”, sublinha.
 
Tem pena de nunca ter casado, mas nunca teve coragem de pedir a alguém que vivesse ali. “Não tivemos água canalizada durante anos”, refere.
 
No entanto, a sua irmã Sandra veio viver com o seu marido para outra ilha das Seychelles, Mahe e, em 1981 o seu pai, viúvo, aceitou o convite de Brendon para viver com ele. 
 
“Para minha surpresa, mudou-se de Seaford para estar comigo quando tinha 88 anos”, conta. “Passámos tempos maravilhosos juntos e tornamo-nos os melhores amigos”.
 
O pai, Raymon Grimshaw, acabou por falecer passados cinco anos e foi enterrado num local da ilha, junto do sítio que Brendon já reservou para si próprio.

Príncipe saudita ofereceu cheque em branco para comprar a ilha

 
Hoje, alguns turistas podem entrar na ilha por 10 libras (cerca de 12 euros) mas Brendon não permite que ninguém lá fique durante a noite.
 
Um príncipe saudita ter-lhe-á oferecido um cheque em branco para comprar a ilha, tal como o tentaram outros visitantes endinheirados. Mas a última coisa que o proprietário pensa em fazer é vender o local.
 
“A única razão que alguém pode ter para comprar esta ilha é construir um grande hotel”, afirma.
 
À BBC, o Ministro do Ambiente das Seychelles assegura: “Brendon é um Robinson Crusoe dos tempos modernos”. “É um naturalista, um conservacionista e um árduo trabalhador”, acrescenta.
 
Entretanto, a Ilha Moyenne adquiriu o estatuto de Parque Nacional, protegendo uma grande diversidade de vida selvagem, e tem por exemplo 40 espécies diferentes de palmeiras.

A história de Brendon tem percorrido o mundo e até já foi feito um documentário sobre este herói dos tempos modernos. 

Clique AQUI para ver o documentário “Grain of Sand” (em inglês) completo online ou clique no link no topo do artigo para ver o trailer do filme. AQUI pode aceder ao site realizado a propósito do documentário e que reúne toda a informação sobre Brendon e a sua ilha.

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