A edição desta antologia serve também de homenagem a José Sampaio Marinho, falecido em 1998, vítima de cancro do pulmão. Nessa altura, a antologia já estava pronta, bastando apenas encontrar uma editora que a publicasse.
Assim o fez José Milhazes, seu amigo e também jornalista. Sobre a obra, publicada pela editora Labirinto com o apoio da Câmara de Fafe, refere: “Na generalidade, os russos afirmam que há poetas seus tão nacionais que é impossível a tradução dos seus versos para línguas estrangeiras. Um deles é o poeta lírico Serguei Essénine, mas José Sampaio Marinho ousou fazer o impossível e conseguiu”, lê-se no prefácio da antologia.
Milhazes salienta, sobretudo, “a qualidade das traduções”, conservando “não só o conteúdo, mas a riqueza rítmica dos originais russos”.
José Sampaio Marinho, tradutor da editora Arcádia, foi amigo do poeta Ruy Belo, colaborou com o escritor Vitorino Nemésio e trabalhou na ex-Emissora Nacional. Após o 25 de abril de 1974, foi convidado pela editora soviética Progresso a ir trabalhar para a Moscovo, onde residiu durante 15 anos, regressando a Portugal como professor do ensino secundário.
Deixou editados, além de muitas traduções que fez do russo para português de textos vários – romances, ensaios, e poesia -, quatro livros de poesia de sua autoria. Um deles, “Nuvens choram – Poemas”, reúne todos os seus textos líricos escritos entre 1952 e 1956.