Um português que imigrou para os EUA em 1972 prepara-se para tomar posse, no final do ano, como presidente executivo da Coach, uma multinacional norte-americana que opera no mercado do luxo e emprega mais de 17 mil pessoas pelo mundo.
Um português que imigrou para a Califórnia, nos EUA, em 1972, prepara-se para tomar posse, no final do ano, como presidente executivo da Coach, uma multinacional norte-americana que opera no mercado do luxo e emprega mais de 17 mil pessoas em todo o mundo. Victor Luís, natural dos Açores, fez disparar o sucesso da companhia, pavimentando, assim, o seu o caminho para a posição de chefia.
“Estou a preparar-me para liderar uma empresa de cinco mil milhões de dólares e isso deve-se apenas ao meu trabalho e aos resultados que apresentei. Não tem nada a ver com quem sou ou de onde vim. Isso é algo que só a América me podia oferecer”, contou o gestor de 46 em entrevista à agência Lusa.
Victor Luís tinha apenas seis anos quando se mudou para a Califórnia com os pais e os irmãos. Aos 16, começou a trabalhar num hospital, onde servia refeições, mas fez questão de se esmerar nos estudos, consciente de que tal seria uma parte fundamental de um futuro crescimento profissional.
“Estudei sempre muito. Só tive a possibilidade de ir para a universidade porque consegui uma bolsa para uma universidade jesuíta, a Holy Cross, em Boston”, revelou o português, que se licenciou em Ciência Política e, posteriormente, conseguiu uma bolsa da Fundação Rotary para estudar na Europa durante um ano, elegendo Inglaterra como país de destino.
Seguiram-se Bruxelas, na Bélgica, onde estagiou na União Europeia, e o Japão, nação onde teve a oportunidade de se tornar sócio de um outro português, Luís Aranha, da Portugal Trade Corporation, uma companhia que representava empresas portuguesas no mercado asiático. “A experiência não correu da melhor forma” e a empresa acabou por ser vendida.
Após ter passado pela LVMH, a multinacional do mercado do luxo que detém a marca Louis Vuitton, ter exercido funções como diretor de marketing da Moët Hennessy Japão e ainda como presidente da Givenchy no mesmo país, conseguiu chegar ao lugar de dirigente da marca de cristais francesa Baccarat – EUA, ocasião em que se mudou para Nova Iorque.
Abandonou o cargo em 2006 e foi aí que surgiu a oportunidade de escolher entre a Ralph Lauren e a Coach, empresa a que agora se prepara para presidir. “As propostas eram muito semelhantes, mas tinham uma grande diferença: a família Ralph Lauren tem mais de 50% da empresa e eu sabia que depois do Ralph vinha um filho, e depois outro filho. Nunca chegaria a presidente”, explicou.
“Tudo é possível com muito trabalho”, defende gestor
Optou, então, pela empresa de malas e acessórios norte-americana, começando como presidente do mercado japonês, cargo que acumulou em 2008 com o de gestor do mercado chinês.
Dois anos depois voltou a Nova Iorque para gerir todos os mercados internacionais em consequência do sucesso obtido na Ásia e as vendas dispararam: no primeiro trimestre de 2013, a Coach conseguiu um crescimento de 12%; só na China, o principal mercado estrangeiro da empresa, as vendas cresceram 40%.
Os números falam por si e foram esses mesmos números que levaram à sua nomeação para presidente da multinacional, nomeação anunciada em Fevereiro. Atualmente, o gestor garantiu estar “a aprender, a ouvir ideias, para criar uma estratégia para a empresa crescer nos próximos anos”.
A nível pessoal, Victor Luís admitiu já ter chegado “muito mais longe do que podia imaginar”. “No centro do meu pensamento, há uma ideia muito americana, que é, na verdade, um ideal emigrante, que é o otimismo. Não tenho a mentalidade do 'inha', da casinha, do carrinho…”, apontou o futuro presidente da Coach.
“Prefiro pensar que tudo é possível com muito trabalho, concentração e desejo de sucesso. E é isso o sonho americano. É o sonho do emigrante”, concluiu.
Notícia sugerida por David Ferreira
