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ONG lusa garante “Saúde para todos” em S. Tomé

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O projeto da organização não governamental (ONG) para o desenvolvimento apelidado “Saúde para Todos” dá o que promete: saúde para quem mais precisa dela, em especial nos países mais carenciados, privados dos equipamentos necessários e condições sanitárias favoráveis como é o caso de São Tomé e Príncipe, onde o Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF) promove uma melhoria nos cuidados de saúde há mais de 20 anos.

“O ´Saúde para Todos` é mais que o nome de um projeto, é uma parceria, materializada em vários programas e atividades, num esforço conjunto de alguns anos”, explica ao Boas Notícias o médico Ahmed Zaky, diretor do IMVF que em 1988 lançou o primeiro projeto de saúde em São Tomé, localizado no distrito de Mé-Zochi.

“Foi o primeiro passo, o precursor do atual projeto ´Saúde para Todos`, que presta hoje cuidados de saúde – preventivos, primários, assistenciais e especializados – a toda a população do país através da rede nacional de Hospitais, Centros e Postos de Saúde”, todos remodelados e equipados nos meados dos anos 80, conforme relembra Ahmed Zaky.

Em 1995 o projeto já abrangia cerca de 40% da população do país. Em 2005, o IMVF contava com o apoio dos atuais parceiros como o Ministério da saúde de São Tomé e Príncipe, o Instituto de Português de Apoio ao Desenvolvimento e a Fundação Calouste Gulbenkian, para levar o Saúde a todos a cinco distritos de forma a aproximar os serviços das comunidades.

Seguiram-se o “Saúde para Todos: Alargamento e Consolidação”, em 2008, e no ano seguinte o “Saúde para Todos: Especialidades” através do qual instalaram um serviço de telemedicina entre São Tomé e Portugal. Pretende-se com esta nova aposta na Telemedicina quebrar com o isolamento, garantindo mais e melhor assistência médica aos santomenses.

Este serviço tem com consequências felizes a nível económico, mas também social, já que irá permitir reduzir o número de evacuações sanitárias. Estas evacuações ocorrem sempre que um cidadão santomense necessite de tratamento ou de fazer exames em Portugal, por falta de recursos a nível local para lidar com o problema.

5000 consultas incluindo Imagiologia

Neste âmbito são realizadas cerca de 5.000 teleconsultas por ano e são também apoiadas intervenções cirúrgicas com recurso a esta tecnologia que permite o acompanhamento em tempo real, com precisão de imagem e som.

Segundo o Dr. Zaky, o maior desafio foi mesmo conseguir garantir um serviço de internet estável em São Tomé e Príncipe. Foi necessário também proceder à digitalização do setor de Imagiologia para permitir que as imagens radiológicas ficassem apenas à distância de um clique entre o Hospital Central DR. Ayres de Menezes e Portugal, onde conta com o reconhecimento de interesse público pelo Alto Comissariado da Saúde e o patrocínio da Fundação PT.

O IMVF espera – depois de ultrapassada esta fase inicial de implementação, formação e otimização do sistema de Telemedicina – poder alargar o seu acesso a mais unidades hospitalares. Espera também ver aceite o co-financiamento da União Europeia para que possa replicar o serviço nos restantes países dos PALOP.

Aumento da esperança de vida e redução da mortalidade infantil

Paralelamente ao projeto mais recente da Telemedicina, estão ainda a ser desenvolvidas atividades de abastecimento de água potável e saneamento do meio e de educação e informação para a saúde.

O IMVF acredita assim que graças a esta e todas as outras ações que já implementou no terreno fica provado que é possível melhorar os níveis de desenvolvimento em países pobres através de cuidados de saúde de qualidade financeira e tecnicamente sustentável.

 “O percurso feito pelo IMVF e pelos seus parceiros ao longo de mais de 20 anos de trabalho tem permitido aperfeiçoar, reforçar e consolidar as bases do processo de desenvolvimento sanitário no país e ainda contribuir para assegurar a sustentabilidade técnica e financeira do sistema nacional de saúde”, realça o Dr. Ahmed.

De resto, os números deixam transparecer o sucesso e impacto de todo este trabalho: a esperança média de vida em São Tomé e Príncipe é já de quase 70 anos contra uma média de 52,7 anos nos países equiparáveis da África subsariana; a taxa de mortalidade infantil baixou para 35% em contraste com os 86% na restante África subsariana.

“Estes resultados permitem colocar São Tomé e Príncipe num bom caminho para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, definidos pelas Nações Unidas, no que à saúde diz respeito”, salienta o mesmo responsável que é também Médico Especialista em Medicina Tropical e Saúde Pública.

Segundo este responsável, muitos dos que hoje se dirigem aos postos de saúde para que os seus filhos sejam assistidos interpelam-nos para recordar os momentos em que ainda crianças foram salvas de problemas gravíssimos, e que foram intervencionadas quando não conseguiam respirar ou recuperaram após dias em coma.

“De cada vez que lá volto inúmeras pessoas continuam a reconhecer-me e a saudarem o trabalho levado a cabo pelo IMVF desde os primórdios da sua intervenção com o projecto de saúde em Me-zochi”, congratula-se o Dr Ahmed.

155.000 pessoas e 51 unidades de saúde

O “Saúde para Todos” já está presente nos 7 Distritos de São Tomé e Príncipe. Beneficia diretamente toda a população, estimada em 155.000 pessoas, através de uma rede descentralizada de 51 Unidades de Saúde – entre Centros e Postos de saúde e dois Hospitais.

De acordo com dados do IMVF, cerca de 96% da população reside a menos de 45 minutos a pé de uma destas Unidade de Saúde, onde podem aceder a cuidados de saúde preventivos, primários, assistenciais e especializados aumentando a assim acessibilidade e a equidade no sector.

São situações como estas que permitem aos responsáveis do IMVF e do projeto “Saúde para Todos”, ao fim de mais de duas décadas continuar a lutar pela realização de programas e projectos que permitam o desenvolvimento sustentável e a procura de melhores soluções para as pessoas de diversas comunidades de São Tomé e Príncipe.

Ana Margarida Pereira

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