Ciência

OAL: Astronomia forense ou a “justiça dos Astros”

A investigação forense abrange praticamente todas as áreas da ciência. A astronomia é pouco associada à área forense mas muitas vezes determina a decisão da justiça num julgamento.
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A investigação forense abrange praticamente todas as áreas da ciência, tais como a biologia, medicina, física e química. Hoje em dia, com as muitas séries televisivas que abordam a ciência forense, esta área começa a ser cada vez mais conhecida, assim como os vários ramos da ciência que contribuem para ela. A astronomia é pouco associada à área forense mas muitas vezes determina a decisão da justiça num julgamento.

por João Retrê (Astrofísico)
 
O desenvolvimento exponencial que se verificou na ciência nos últimos 100 anos forneceu ferramentas e técnicas de grande precisão e importância para a investigação criminal. Também a astronomia, raramente associada à ciência forense, tem um papel crucial em muitos julgamentos.
 
A astronomia forense fornece explicações claras e precisas a tribunais, advogados, detetives e investigadores, acerca da importância das condições de luminosidade ou visibilidade, assim como de cálculos precisos da posição da Lua e Sol numa data, hora e locais específicos. Desta forma ajuda na reconstrução de um crime ou acidente e permite apurar a veracidade dos depoimentos prestados pelas alegadas vítimas ou acusados.
 
Os dados que podemos obter através da observação dos astros, em especial da posição do Sol e da Lua, são bem conhecidos e podem ser previstos e calculados com precisão para qualquer intervalo de tempo – no passado, no presente e no futuro.
 
A luz natural, ou seja, a luz proveniente do Sol, quer seja direta no caso do período diurno, ou indireta no caso da luz refletida pela Lua no período noturno, é um fator de grande relevância em muitos casos jurídicos. Por exemplo, nos acidentes de viação é comum argumentar-se que foram causados pelo encandeamento do condutor pelo Sol. Nesses casos, um astrónomo pode calcular facilmente a posição do Sol na altura do acidente em questão de forma a saber se o encadeamento seria ou não possível.
 
Em alguns casos, pessoas alegam ter visto o suspeito de um crime ou mesmo o próprio ato a ser cometido. Se o acontecimento ocorreu no período noturno pode ser difícil avaliar a veracidade do testemunho sem a perícia adequada. A astronomia forense pode fornecer a indicação do brilho da Lua nessa noite e assim calcular a luminosidade de uma certa área de forma a concluir se seria ou não possível a testemunha ter visto o que afirma.
 
Existem vários fatores que são tomados em conta quando um astrónomo forense estuda um caso deste tipo, relacionado com condições de luminosidade. Como facilmente podemos induzir, se houver nuvens no céu, a luz solar (ou o luar) será substancialmente atenuada. Assim, é imperativo que as condições atmosféricas sejam tomadas em conta de forma a que o parecer seja o mais correto possível. A luz artificial e a topografia também têm de ser consideradas.
 
Em certos casos, são utilizadas fotografias do arguido como prova de que este não esteve no local do crime na data e hora do acontecimento, pois aparece na fotografia num local diferente e no mesmo espaço temporal. O estudo das fotografias, de forma a analisar e medir sombras presentes nestas e, no caso de serem visíveis, observar a posição dos corpos celestes permite ao cientista inferir facilmente a data e hora a que a fotografia foi tirada, corroborando a versão do arguido ou pondo em causa a credibilidade deste.
 
Estes são alguns exemplos de como a Astronomia desempenha um papel fundamental na área forense. Contudo, não são apenas os tribunais que recorrem a estes pareceres. É comum as companhias de seguro fazerem uso destes conhecimentos para poderem apurar responsabilidades.   
 
O Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), fornece pareceres e informação técnica de Astronomia para os tribunais portugueses e advogados. Na maioria das vezes estes pareceres estão relacionados com acidentes de viação, principalmente com situações de alegado encadeamento, e condições de visibilidade/luminosidade. 

Clique AQUI para saber mais sobre este serviço do OAL.

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Para mais informações, consulte:

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