Negócios e Empreendorismo

Nuno Lobito: “Um viajante com alma de fotógrafo”

Nuno Lobito, fotógrafo com mais de 20 anos de experiência, é também o português que mais viajou pelo mundo - no mapa apenas restam marcar 15 países que ainda não conheceu. A 11 de novembro de 2011 espera chegar à meta final. Até lá, partilha generosa
Versão para impressão
Nuno Lobito, fotógrafo com mais de 20 anos de experiência, é também o português que mais viajou pelo mundo – no mapa apenas restam marcar 15 países que ainda não conheceu. A 11 de novembro de 2011 espera chegar à meta final. Até lá, partilha generosamente as suas aventuras com todos os que o querem acompanhar e também com o Boas Notícias. 

Quem é Nuno Lobito – um fotógrafo com alma de viajante ou um viajante com alma de fotógrafo?

Sou sem dúvida um viajante com alma de fotógrafo, porque ser viajante é algo que se aprende na estrada e a fotografia é algo que nasceu comigo, faz parte de mim.

O que procura captar em todos os países que visita nas inúmeras viagens que já realizou?
Procuro mostrar a Portugal e ao mundo o que me vai na alma em todos esses países e onde, por vezes, não é fácil estar. Veja-se o exemplo de países como o Iraque, o Afeganistão e a Somália, onde as pessoas querem ver os fotógrafos bem longe delas. Mas o meu lema para a vida é dar sempre o meu melhor.

Quais os países que mais o marcaram e porquê?
É uma pergunta difícil, porque gostei de todos os países que já visitei até hoje – e são 189. Há mais de 20 anos aprendi isto com sua Santidade, o Dalai Lama: sempre que retiramos o bom do péssimo é sinal de inteligência. Mas há um pais a que jamais voltarei: Israel. Lá encontrei um povo muito arrogante.

Disse, em entrevista ao programa “Alice no País dos Viajantes” [SIC], que não gosta muito da Europa. Porquê?
É verdade! Acho a Europa muito igual, embora obviamente haja diferenças culturais. Mas são ínfimas, pelo menos na minha perceção, já que apenas me falta visitar 15 países do mundo. Mas o meu desagrado tem que ver com a qualidade versus preço: na Dinamarca, por exemplo, que é um pais que gosto (essencialmente no verão), gasta-se mais dinheiro num dia em alojamento e alimentação do que num mês na Índia e goza-se muito menos a experiência.

A vivência entre as comunidades tribais da Amazónia afetou a sua visão como fotógrafo? Como?
Não afetou a minha visão como fotógrafo, mas sim como homem, porque na Amazónia não é o dinheiro que reina. Se tiver 100 euros no meio da selva, para nada lhe servem; a troca comanda a vida, e eu venero esse conceito – cada um dá o que tem! Tenho hoje a Amazónia em minha casa, visto ser casado há mais de 10 anos com uma Índia do Amazonas, assim como desse casamento nasceu também o Angel, o meu filho. O meu livro “Amazónia Oculta”, livro esse a preto e branco, é tão especial para mim como o livro “Sons do Silêncio”. Sobre a Amazónia demoraria dias para relatar os cinco anos que lá vivi e onde cresci como homem, algo que nesta civilização “light” é difícil de fazer entender.

Algumas das suas fotografias são a preto e branco. O que é que se vê nesse registo que não é visível a cores?
Vejo na fotografia a preto e branco um tipo de trabalho mais de autor, algo mais intimo e pessoal. Creio que as fotografias a cores possuem algo mais societário e banal, mas amo todas as vertentes da fotografia.



Já orientou diversos cursos de fotografia. Além das noções técnicas, o que deve aprender alguém que quer ser fotógrafo?
Um fotógrafo tem de ser muito comunicativo, caso contrário poderá intimidar quem está a ser fotografado. Claro que deve dominar a técnica, pois sem ela não conseguirá pôr em prática  o que os olhos vêem. Depois há que ter uma boa dose de loucura, sem isso dificilmente alguém será um bom fotógrafo – pelo menos na fotografia de viagens, porque no mundo de hoje, se não conseguirmos passar à prática o que vimos, a reportagem fica sem alma. Assim o mercado não compra e torna-se difícil dar um novo passo. Os meus primeiros 10 anos na fotografia foram muito duros, mas é curioso: hoje em dia, as fotografias que tirei há 25 anos são talvez as que mais gosto.

É a 10ª pessoa mais viajada no mundo (saiba mais aqui). Há algum plano definido para chegar ao 1º lugar do “pódio”?
Tenciono ser o único português a ter visitado todos os países do planeta – e esta é uma questão de orgulho luso, não é vaidade. Sei que não é fácil e em alguns dos países que visitei dispus de muito pouco tempo. Foi o caso do Iraque, onde estive apenas durante três noites e quatro dias por razões de segurança. Mas se fosse o último país que visitasse, ficaria um mês ou mais, não tenho medo de morrer. Sei que a 11 de novembro de 2011 já terei visitado todos os países do mundo. Estou seguro disso e até prova em contrário vou em frente. Acredito na minha missão aqui e acredito que o sonho é sempre possível! Para isso há que lutar e acreditar e, mais que tudo, saber por vezes esperar pelo momento certo sem nunca dar um passo atrás.

A veia dos descobrimentos mantém-se viva entre os portugueses?
Creio que Portugal sofre ainda de um grande problema: vive do passado. Obviamente que o passado é importante, mas sem um presente sólido, jamais haverá um futuro promissor. Hoje em dia, as pessoas de um modo geral viajam mais, mas para destinos onde pouco ou nada se aprende. Ninguém visita o Irão por culpa do que ouvem e lêem nos meios de comunicação social, que transmitem uma imagem muito negativa daquele país, que está entre os cinco que mais amei visitar. Eu não sou turista, sou viajante e a diferença entre os dois é esta: um vai para sugar energia, outro para partilhar e aprender com culturas e experiências, para que mais tarde o meu ser agradeça, porque comprar um par de calças na 5ª Avenida, em Nova Iorque, dá-me pouco. Não é na matéria que encontro felicidade; o desejo é a maior causa de sofrimento!

Procura comunicar com todos quanto seguem as suas aventuras no YouTube e nas redes sociais. A fotografia é partilha?
Como budista que sou, há mais de 20 anos, a partilha é uma das palavras-sentimento que mais amo. Não sei viver sem partilha e dá-me um gozo enorme poder mostrar, aos mais de 10 mil seguidores que tenho no Facebook, mundos que jamais poderão visitar e que, por vezes, se desconhece que existem – Vanuato, Kiribaty… Também são esses seguidores que me dão força. Várias vezes as máquinas avariam, os computadores não funcionam e, mesmo assim, de Lisboa chegam-me dezenas de mensagens a darem-me força! Sinto-me na obrigação de dar também a moeda de troca a essas pessoas, já que sem elas não teria chegado onde cheguei. Em novembro próximo sairá um novo livro, “O Mundo aos meus olhos”, que será um hino à fotografia e às viagens. Aproveito também para convidar todos a estarem presentes no aeroporto de Lisboa no dia 11 de novembro de 2011, data em que chegarei da Islândia, o pais com o qual terminarei a minha vista ao mundo, para depois festejarmos algo meu, mas que é também de todos os Portugueses!

Qual é o destino que se segue?
Em setembro partirei para Ruanda, Uganda, Burundi, Sudão e República Democrática do Congo. No ano de 2011 prevejo chegar aos 10 países restantes. Será difícil, mas com esforço, dedicação a glória sei que chegarei lá.

Saiba mais sobre Nuno Lobito no seu site oficial.

Comentários

comentários

Etiquetas

PUB

Live Facebook

Correio do Leitor

Mais recentes

Passatempos

Subscreva a nossa Newsletter!

Receba notícias atualizadas no seu email!
* obrigatório

Pub

Este site utiliza cookies. Ao navegar no site estará a consentir a sua utilização. Saiba mais aqui.

The cookie settings on this website are set to "allow cookies" to give you the best browsing experience possible. If you continue to use this website without changing your cookie settings or you click "Accept" below then you are consenting to this.

Close