Ciência

Novos avanços para encontrar planetas ricos em com água

Os astrónomos estão mais perto de encontrar um planeta rico em água, graças a uma nova tecnologia que deteta breves mudanças na luz das estrelas.
Versão para impressão
Os astrónomos estão mais perto de encontrar um planeta rico em água, graças a uma nova tecnologia que deteta breves mudanças na luz das estrelas. 
 
Com recurso a um espetrógrafo ultrassensível, um grupo de investigadores financiados pela União Europeia conseguiu, pela primeira vez, identificar um planeta rochoso, rico em ferro, a milhares de milhões de quilómetros de distância. 
 
Pelo nome HARPS-N, o novo aparelho tem uma precisão de nano escala, funcionando em vácuo e a temperaturas estáveis a um milésimo de grau. O seu uso permitiu dar mais um passo determinante na busca de uma terra distante, fornecendo aos astrónomos informação suficiente para determinar a massa dos planetas distantes. 
 
Os dados são recolhidos com base na força gravitacional que faz a sua estrela oscilar e o primeiro teste foi feito com a estrela Kepler-78, localizada a 400 anos-luz de distância, na constelação Cygnus. Coordenados por Alessandro Sozzetti, do Instituto Nacional de Astrofísica de Itália (INAF), os investigadores estudaram as pequenas flutuações de luz provocadas pelo planeta Kepler-78b.
 
O mesmo foi detetado pela primeira vez em 2013 pela sonda Kepler, cuja função é examinar o céu noturno à procura de movimentos planetários que, periodicamente, reduzam a luminosidade de estrelas distantes. Com um tamanho apenas 20% superior ao da Terra, o Kepler-78b orbita à enorme velocidade de três rotações por dia.
 
Foi, precisamente, essa órbtia apertada que permitiu aos investigadores identificar a sua massa e densidade, ou seja, as propriedades mais difíceis de medir em planetas extrassolares do tamanho da Terra, mas fundamentais para perceber a sua composição.
 
Essa massa é determinada com base na força gravitacional que exerce sobre a sua estrela, fazendo-a oscilar. “Quando uma estrela oscila na direção oposta à da Terra, a sua cor torna-se ligeiramente mais vermelha, e quando oscilna na nossa direção, esta muda para um tom azulado”, conta Lars Buchhave, astrónomo do Centro de Astrofísica de Harvard-Smithsonian, em Massachusetts, nos EUA, citado pela Lusa. 
 
Denominado efeito Doppler, este fenómeno é usado para medir coisas como a velocidade de um objeto com radar, sendo também uma ferramenta valiosa na imagiologia médica.
 
O espetrógrafo HARPS-N foi montado no telescópio TNG e apontado à Kepler-78 durante 80 noites. “Foi um grande desafio alcançar esta elevada exatidão, mas conseguimos e hoje sabemos que o Kepler-78b tem apenas 60% mais massa do que a Terra”, acrescentou.
 
A oscilação Doppler da estrela do Kepler-78b revela que a densidade do planeta é semelhante à da Terra, o que sugere que também ele é composto de rocha e ferro. Para os cientistas, o simples facto de o Kepler-78b existir significa que a Terra não é única.
 
Ainda assim, isto não quer dizer que o Kepler-78b seja um planeta que os humanos queiram visitar, até porque a proximidade do Kepler-78b em relação à sua estrela resulta em temperaturas tão altas à superfícia que derretem a rocha e removem qualquer atmosfera.
 
Os cientitas acreditam que, para um planeta poder ter vida, ele deve situar-se na chamada zona habitável – uma distância precisa relativamente a uma estrela em que a temperatura é a necessária para que a água exista em estado líquido. 
 
Ou seja, Isso significa que a oscilação Doppler da estrela terá de ser muito mais fraca do que aquela que é provocada pela órbita apertada do Kepler-78b. O maior desafio para os 'caçadores de planetas' na busca dessa oscilação é eliminar os efeitos da atividade na superfície da estrela.
 
“Se conseguirmos resolver esse problema, estaremos numa posição muito melhor para detetar planetas com a massa da Terra a orbitar zonas habitáveis de estrelas do tipo do Sol”, disse Andrew Cameron, que dirige a Escola de Física e Astronomia da Universidade de Saint Andrews no Reino Unido.
 
Como tal, os especialistas consideram que a melhor hipótese de encontrar um planeta parecido com a Terra é focarem-se em estrelas mais pequenas, chamadas estrelas-anãs, em que a zona habitável é mais próxima da estrela, o que faz aumentar o efeito Doppler.
 
“Podemos levar outros dez anos a encontrar um planeta com condições como a Terra e talvez até séculos para o alcançá-lo”, disse Molinari. “Mas mesmo que só vejamos os primeiros passos desta grande viagem, alguém tem de começá-la”.

Comentários

comentários

PUB

Live Facebook

Correio do Leitor

Mais recentes

Passatempos

Subscreva a nossa Newsletter!

Receba notícias atualizadas no seu email!
* obrigatório

Pub

Este site utiliza cookies. Ao navegar no site estará a consentir a sua utilização. Saiba mais aqui.

The cookie settings on this website are set to "allow cookies" to give you the best browsing experience possible. If you continue to use this website without changing your cookie settings or you click "Accept" below then you are consenting to this.

Close