Negócios e Empreendorismo

NAE Vegan: Sapatos lusos ecológicos e com ética

Dois portugueses decidiram revolucionar o conceito "vegan" e aplicá-lo ao calçado. Assim nasceu a NAE, que produz e comercializa sapatos amigos dos animais.
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Ao ouvir falar em “vegan”, a tendência pode ser associar o conceito à alimentação. Porém, o veganismo compreende uma filosofia mais ampla de não exploração que exclui o uso de todos os produtos de origem animal. Inspirados por esta ideologia, dois portugueses decidiram revolucionar o conceito e aplicá-lo a um setor que, à primeira vista, poderia ser improvável: o do calçado. Assim nasceu a NAE – No Animal Exploitation, uma empresa lusa que produz e comercializa sapatos “vegan”, amigos dos animais.

por Catarina Ferreira 

A ideia do projeto surgiu em 2008 pela mão de Paula Pérez e Alex Pérez. Em entrevista ao Boas Notícias, os fundadores explicam que a vontade de criar esta marca veio da convicção de que “é possível iniciar um negócio assente no princípio de que não é necessário explorar animais humanos ou não humanos para se viver, como forma de contrariar e inverter a tendência da maioria dos negócios existentes hoje em dia”.

Aliando a ética a uma abordagem criativa, os mentores da NAE construíram uma alternativa ao nível do calçado “para pessoas que defendem esta filosofia, que não consomem qualquer produto de origem animal e, consequentemente, não usam pele”.

Sandálias, botas, ténis para homem e para mulher e até sapatos de salto alto compõem a oferta diversificada da marca, cujos preços se iniciam por volta dos 40? e podem ultrapassar os 100?, consoante os modelos. Em comum têm o facto de serem, sem exceção, fabricados “com componentes que não provêem de animais e cujo processo de fabrico minimiza o impacto no meio ambiente”.

Mas, afinal, que materiais são estes? Paula Pérez esclarece que os componentes “vão desde a microfibra ao algodão e ao linho orgânico, passando pela cortiça e mesmo pela fibra de côco”, acrescentando que estão também a começar a ser utilizados “pneus reciclados para as solas de alguns modelos”.

A esta preocupação soma-se a ambição de contribuir para a melhoria da economia portuguesa. “É muito importante voltar a produzir localmente e abandonar as produções na China ou noutros países asiáticos, onde existe muita exploração e mão-de-obra infantil”, sublinha a fundadora. “Relocalizar a produção significa criar emprego, aumentar a produtividade no nosso país, diminuir as importações, consumir o que produzimos e aumentar as exportações”, refere.

Por este motivo, os sapatos da empresa são todos produzidos em pequenas fábricas espalhadas pelo país, “onde as leis laborais são respeitadas”. Devido ao crescimento das vendas, a empresa considera a hipótese de produzir “alguns dos futuros modelos em Espanha”, mas assegura que a produção ficará “sempre ao nível da Península Ibérica”.

Maioria dos clientes são estrangeiros

A comercialização é feita online, através do site oficial da marca, mas também em lojas físicas não próprias. Graças aos esforços dos responsáveis, o calçado NAE é vendido em estabelecimentos portugueses mas já chegou a lojas em Espanha, Alemanha, Reino Unido e Áustria. “A médio prazo podemos vir a ter lojas próprias mas, para já, a estratégia é conseguir vender os sapatos em lojas multimarca”, admite Paula Pérez.

A venda online oferece a possibilidade de exportar os sapatos para todo o mundo e a marca tem conquistado inúmeros admiradores além-fronteiras, mais até do que em Portugal. 

Segundo Paula Pérez, em 2011, a empresa faturou cerca de 250 mil euros, sendo que apenas 20 mil foram provenientes de vendas no mercado nacional. Porém, a responsável mostra-se otimista em relação ao futuro, inclusive porque, só no primeiro semestre deste ano, as vendas aumentaram cerca de 50% face ao ano anterior.

“Os clientes são maioritariamente estrangeiros. O peso das vendas em Portugal ainda é pouco significativo, mas esperamos que venha a aumentar”, confessa, realçando que “existem cada dia mais consumidores a comprar produtos éticos”.

“Num momento tão difícil para a economia europeia e mundial, onde vemos diariamente fechar lojas de todos os tipos, observamos que os negócios 'éticos', sejam de caráter ecológico, de comércio justo, vegetarianos, entre outros, têm vindo a aumentar. É um mercado em claro crescimento”, defende.

Acima de tudo, a NAE quer ser um exemplo de que podem construir-se negócios sólidos sem que sejam violados os direitos e o espaço do próximo.

“Queremos ser um pequeno contributo que contrarie a infeliz tendência de negócios existentes no mundo onde a exploração e o sofrimento dos outros não são tidos em conta”, conclui Paula Pérez, esperando despertar consciências e mostrar às outras empresas os benefícios de enveredar por um caminho com mais ética.

Clique AQUI para conhecer todos os produtos comercializados pela marca portuguesa.

[Artigo sugerido por Maria Sousa]

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