Este domingo, o realizador português Nuno Viegas conquistou o Prémio do Júri do festival Macau Indies com o documentário 'Sirena'. O mesmo retrata o percurso de um travesti das Filipinas em várias cidades do sudeste asiático.
Este domingo, o realizador português Nuno Viegas conquistou o Prémio do Júri do festival Macau Indies com o documentário 'Sirena'. O mesmo retrata o percurso de um travesti das Filipinas em várias cidades do sudeste asiático.
“Trata-se de uma analogia entre uma sereia, que é metade mulher e metade peixe, e as travestis, que são metade mulher e metade homem”, conta o autor à Lusa. “Sereia é como eles chamam às 'ladyboys', nas Filipinas. Além disso, há o jogo entre as sereias que chamam os homens nos mares e aquelas que chamam os homens nas ruas”.
A história é centrada em Caroline, que trabalha como acompanhante nalgumas cidades do sudeste asiático, incluindo Macau. “Como estão dependentes do visto de turista, há um limite de dias para permanecerem no território e, às vezes, é complicado conseguirem justificar perante as autoridades a razão da sua vinda”, esclarece Nuno Viegas.
“Obviamente que andam sempre com o passaporte todo carimbado. Saltam de cidade em cidade: vão a Banguecoque, a Kuala Lumpur, Hong Kong, Singapura…”, acrescenta. Quanto ao filme em si, este foi rodado em Banguecoque, Manila e Macau. Na capital tailandesa, o realizador assistiu à fase final dos implantes mamários de Caroline e, nas Filipinas, ao seu ambiente social e processo de transformação dos rapazes em 'ladyboys'.
O final do documentário é passado em Macau, deixando em aberto uma relação futura com um estrangeiro. A escolha do tema da transexualidade deve-se ao facto de esta “fazer parte do ambiente de Macau” e, como tal, gerar curiosidade.
“É sempre mais fácil despertar o interesse das pessoas quando se agarra um tema sobre o qual existe algum desconhecimento”, afirma o português que, participa pela segunda vez no festival Macau Indies.
O ano passado, foi submetido a concurso com o documentário 'Zhean and Leon', sobre um casal lésbico formado por duas empregadas domésticas da Indonésia em Macau.
Nasceu em Lisboa e estudou Ciências da Comunicação, variante de cinema na Universidade Nova de Lisboa. Depois de ter vivido em Macau entre 1994 e 1998, regressou ao território há três anos, onde trabalha em audiovisual, na parte de espetáculos e convenções de uma operadora de jogo.
Esta foi a oitava edição do Macau Indies, um concurso anual que promove a produção cinematográfica local.
