Ciência

Gelo da Gronelândia esconde paisagem pré-histórica

Cientistas da Universidade de Vermont, EUA, foram surpreendidos com a descoberta de vestígios de uma paisagem pré-histórica por baixo da camada de gelo com 3.200 metros de profundidade, da Gronelândia.
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Cientistas da Universidade de Vermont, EUA, foram surpreendidos com a descoberta de vestígios de uma paisagem pré-histórica por baixo da camada de gelo com 3.200 metros de profundidade, da Gronelândia.

“Encontrámos solo orgânico que se manteve preservado por baixo da camada de gelo durante 2.7 milhões de anos”, conta o geólogo Paul Bierman, da Universidade de Vermont, em comunicado de imprensa.

Esta descoberta indica que a camada de gelo da Gronelândia poderá existir há muito mais tempo do que se pensava, tendo ‘sobrevivido’ a diversos períodos de aquecimento global. A descoberta foi divulgada este mês no jornal Science.
 
A Gronelândia é um local de grande interesse científico e ambiental uma vez que a sua camada de gelo (a segunda maior do mundo depois da Antártica) poderá influenciar, em caso de aquecimento, a subida do nível do mar.

A nova descoberta indica que mesmo durante os períodos de maior aquecimento do planeta, o gelo da Gronelândia manteve-se estável: “é provável que se mantenha sempre inalterável”, diz Bierman. Esta permanência permitiu que a paisagem pré-histórica da tundra se mantivesse preservada debaixo do gelo.

Para determinar a idade do solo encontrado a mais de 3 mil metros de profundidade, a equipa da universidade de Vermont testou 17 amostras de gelo extraídas já em 1993, mas que não tinham sido devidamente analisadas ao longo destes 20 anos.

Nestes vestígios, Bierman e a sua equipa encontraram uma forma rara do elemento berílio, um isótopo conhecido como berílio-10, que resulta de uma longa exposição dos solos à atmosfera. Esta presença foi uma surpresa uma vez que os cientistas não esperavam que aquele solo estivesse estado exposto tempo suficiente para armazenar berílio.

“Normalmente só se encontra este tipo de concentração de berílio em solos que se tenham desenvolvido (expostos a atmosfera) ao longo de milhões de anos,” explica Joseph Graly, outro especialista da Universidade de Vermont.
 
De acordo com os dados analisados, este solo enterrado por baixo da Gronelândia terá estado exposto algures entre 200.000 e um milhão de anos antes da camada de gelo se ter formado.

Além do berílio, a equipa mediu o nitrogénio e o carbono que teriam sido deixados pela flora da tundra pré-histórica, sendo que encontraram vários vestígios de material orgânico cuja composição sugere a presença de uma zona florestada.

“A Gronelândia (em inglês ‘Greenland’, que significa ‘terra verde’) era realmente verde! Contudo, essa paisagem existiu há milhões de anos atrás”, diz um outro membro da equipa, Dylan Rood. “A Gronelândia seria semelhante à zona verde do Alasca, antes de ter sido coberta pela camada de gelo”, conclui.

Notícia corrigida a 22/04/2014 às 23h para alterar a medida quilómetros para metros. 

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