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Fundação Champalimaud: Investigar o desconhecido

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O sonho concretizou-se em 2010 quando a Fundação Champalimaud foi inaugurada. No seu Centro de Investigação para o Desconhecido, médicos, cientistas e doentes cruzam olhares sob um entendimento mútuo: encontrar novas formas de tratamento e prevenção na área das neurociências e do cancro.

Voltada, de um lado, para a cidade de Lisboa, e de outro para o rio Tejo, a contemporaneidade da obra esconde um espaço onde a Saúde é a palavra de ordem. Aqui convergem laboratórios avançados de investigação científica multidisciplinar e translacional (com aplicação prática nos doentes e suas enfermidades) no campo da biomedicina; um centro clínico onde profissionais médicos contribuem para o bem-estar dos seus pacientes; e também os imprescindíveis serviços administrativos. No meio de tudo, o jardim tropical, coberto com uma pérgula, traz vivacidade, serenidade e esperança aos que por ali passam.

Permanentemente, 240 investigadores, de mais de 32 nacionalidades, pesquisam sobre como o nosso cérebro comanda o nosso comportamento e como responde em caso de alterações significativas, em particular ao deparar-se com a doença. Outros tentam encontrar medicamentos inovadores ou novos tratamentos e terapêuticas que ajudem a curar problemas, sobretudo oncológicos.

Ciente do valor que a investigação e inovação trazem para a saúde, a Fundação Champalimaud dedica anualmente 15 milhões de euros para i&d. E em sem seis anos conseguiu também captar 23,8 milhões de euros em bolsas, 15,7 milhões dos quais da Comissão Europeia.

Há quatro anos, a revista científica norte-americana The Scientist colocou a Fundação Champalimaud no primeiro lugar do ranking de centros para pós-doutorados fazerem investigação fora dos Estados Unidos. Um reconhecimento ímpar que muito orgulha a presidente desta instituição, Leonor Beleza, e que atrai alguns dos melhores investigadores, médicos e cirurgiões de todo o mundo.

Megan Carey é um desses exemplos. Investigadora Principal do Laboratório Neural Circuits and Behavior, que tenta perceber como a atividade dos circuitos neurais é orquestrada de maneira a controlar os movimentos aprendidos e coordenados, recorda como chegou à Fundação. Quando começou a procurar posições de investigadora principal e ouviu falar do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud, pensou que deveria ser uma opção a considerar. Na altura em que visitou o Centro de Investigação para o Desconhecido, contactando outros investigadores, percebeu “que se tratava de um lugar vibrante e muito esCaptura de ecra¦â 2016-03-28, a¦Çs 17.16.12pecial, e que queria fazer parte da sua construção”.

Do mesmo modo, Albino Oliveira Maia, investigador e psiquiatra, responsável pela Unidade de Neuropsiquiatria do Centro Clínico, assinala que a “excelência e abrangência de visão do projeto para o Programa de Neurociências Champalimaud não pode deixar de ser um claro incentivo para qualquer investigador com interesse nesta área científica.” E acrescenta que a “a filosofia de atuação da Fundação, com programas clínicos e de investigação a funcionar lado-a-lado, constitui uma oportunidade única para o desenvolvimento de investigação com impacto potencial na saúde das pessoas e das populações.”.

Curiosamente, ao falarmos sobre o acesso a financiamento para as investigações que cada um destes cientistas intenta levar a cabo, voltam a partilhar opiniões. Megan admite que “este é um momento difícil no que toca o financiamento de ciência em todo o mundo”, mas afirma que o laboratório tem tido sorte. Têm conseguido algum apoio da própria Fundação e de bolsas da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Investimento que permitiu à sua equipa alcançar dados preliminares, essenciais para a captação de capital internacional do European Research Council e do Howard Hughes Medical Institute. Albino Maia também reconhece que “a obtenção de financiamento não é seguramente fácil”, contudo, as diferentes componentes do seu projeto de investigação, centrado na forma como os circuitos cerebrais de recompensa são ativados por estímulos alimentares, já contaram com o suporte de fundos privados e da FCT.

Até à data, os cientistas da Fundação Champalimaud já publicaram 190 artigos científicos em revistas da especialidade, como a Nature, Nature Neuroscience, Current Biology e Neuron, e concomitantemente, têm 90 ensaios clínicos abertos a decorrer.

No domínio da medicina efetiva, o Centro Clínico Champalimaud ambiciona tornar-se num hospital do futuro. E como o alcança?

Primeiramente, e de acordo com o Professor Doutor António Parreira (Diretor Clínico do Centro Clínico Champalimaud), “a Fundação pretende ser um centro de oncologia de referência, não apenas prestador de cuidados de saúde, mas vocacionado para a investigação e inovação científica e tecnológica. Queremos tratar o tema da oncologia numa perspetiva global”. A investigação clínica da doença, ao longo das diferentes fases evolutivas – desde a inicial (com hipótese de cura radical), à fase de recaída, com metastização ou progressão – irá sempre comprometer a qualidade de vida dos doentes na medida em que os estudos poderão proporcionar modalidades inovadoras de tratamento e de diagnóstico.

As diversas unidades do centro, ligadas ao cancro da mama, do pulmão, da próstata, do foro digestivo e ginecológico tratam por dia mais de 300 doentes oncológicos. E os tratamentos inovam desde a fase inicial, uma vez que cada pessoa é avaliada por unidades multidisciplinares de patologia.

“A partilha de toda a informação disponível entre os diferentes intervenientes (médicos, enfermeiros, técnicos de saúde) aumenta significativamente a qualidade das interpretações que cada profissional faz da situação concreta do doente e consequentemente fundamenta melhores decisões no planeamento e ajuste personalizado de soluções para cada caso”, acrescenta o Diretor Clínico do Centro. Perante a compleCaptura de ecra¦â 2016-03-28, a¦Çs 17.15.40xidade científica e técnica que os carcinomas envolvem, o sucesso e eficácia deste tipo de abordagem torna-se ainda mais evidente quando falamos do bem-estar dos doentes.

Os profissionais de saúde fazem de tudo para que os pacientes, enquanto estão a realizar os seus tratamentos cirúrgicos, de quimioterapia e/ou radioterapia, tenham um acompanhamento personalizado e não se sintam num hospital. O doente pode fruir da paisagem, ler um livro, ouvir música, ver televisão, aceder à internet num tablet, ter mesmo o seu tratamento no jardim da Fundação ou, em último caso, no conforto da sua casa.

Além do mais, quem chega ao Centro Clínico da Fundação Champalimaud pode também ter acesso a tecnologias únicas que colocam este local na vanguarda de tratamentos oncológicos menos invasivos. O centro tem ao dispor a primeira máquina de radio cirurgia a ser instalada no mundo
. Este equipamento, único no país, realiza tratamentos de radioterapia de dose única e distingue-se pela sua precisão, rapidez e eficácia. Numa só sessão, de apenas dez minutos, consegue tratar cancros com uma exatidão ímpar, evitando danos colaterais.

Ainda este ano será inaugurada uma nova unidade de internamento que se irá juntar à já existente ala de cirurgia em ambulatório. Este novo espaço, orçado em dez milhões de euros, irá ter três blocos operatórios, camas de recobro e de cuidados intensivos. Um novo polo que permitirá autonomizar o Centro Clínico Champalimaud para o tratamento oncológico de todos os que aqui chegam.

Sem fins lucrativos, a Fundação Champalimaud determinou um orçamento de 50 milhões de euros para este ano. Um valor que será seguramente usado para que, das 640 pessoas que aqui trabalham, entre médicos, investigadores e profissionais administrativos, o desconhecido seja revelado. Porque haverá sempre uma janela de esperança para descobrir novas doenças, novas formas de as tratar. Porque é sempre possível sonhar e antecipar o futuro. Porque haverá sempre inúmeras perguntas e múltiplas respostas que os médicos e cientistas podem pesquisar incessantemente naquele que é o centro de excelência para a investigação biomédica e a saúde oncológica em Portugal.

www.fchampalimaud.org

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