Saúde

Compulsões alimentares têm origem neurológica

Um estudo levado a cabo por investigadores da Universidade da Carolina do Norte (UCN) conseguiu identificar as relações celulares que desencadeiam a vontade de comer.
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Um estudo realizado por investigadores da Universidade da Carolina do Norte (UCN), nos EUA, vem comprovar que a compulsão de comer tem uma origem neurológica.
 
O estudo, publicado em Setembro no jornal Science, poderá ajudar a compreender comportamentos que causam obesidade. Por outro lado, pode, numa fase posterior, descobrir tratamentos para doenças como a anorexia, a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar.
 
No site oficial da UCN, Garret Stuber, principal autor do ensaio e professor na universidade no departamento de psiquiatria, diz que “o estudo prova que a obesidade e outros transtornos alimentares têm uma base neurológica”.

Já nos anos 50, um grupo de cientistas tinha conseguido estimular uma determinada zona do hipotálamo, conseguindo levar ratos já saciados a comer sem terem fome. No entanto, o hipotálamo tem várias células e não se conseguiu perceber, na altura, quais delas provocavam este comportamento.
 
Desta vez a equipa de Stuber, recorrendo novamente ao cérebro de ratos, focou-se num tipo específico de células – as células GABA (sigla inglesa para ácido gama-aminobutírico) que se encontram no Núcleo Leito da Estria Terminal (NLET). 
 
O NLET surge na superfície da amígdala, a parte do cérebro que está associada às emoções, e forma uma ponte entre essa zona e a parte lateral do hipotálamo, a região do cérebro que comanda funções, como comer e o comportamento sexual. 
 
Segundo o estudo, o principal objetivo era estudar a atividade dos neurónios que se encontram no NLET. Para tal, os cientistas serviram-se da optogenética – uma técnica que lhes permitiu manipular e ativar os neurónios individualmente. 
 
Com esta técnica, a equipa de Stuber conseguiu suprimir a atividade dos neurónios sobre o hipotálamo lateral, fazendo com que os roedores comessem “vorazmente” mesmo quando já tinham ingerido alimento suficiente. 
 
“Ou seja, podiam comer até metade do seu consumo diário de calorias, em cerca de 20 minutos”, diz Stuber no ensaio. “Isto sugere que, esta alteração das células NLET pode ter um papel no consumo de comida e em condiçoes patológicas como a compulsão alimentar”, acrescenta o cientista. 

Assim, se por um lado, a alteração celular pode “contribuir para os distúrbios alimentares, levando as pessoas a comer mesmo quando estão cheias”, por outro, poderá fazer com que estas evitem ingerir alimentos quando estão com fome. 

 
No entanto, o estudo refere que são necessárias mais pesquisas para determinar se é possível desenvolver drogas que corrijam o mau funcionamento do circuito NLET.

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