Negócios e Empreendorismo

Brasil tem “boas oportunidades” para portugueses

Com apenas 6% por cento de desemprego e prestes a receber o Mundial de Futebol e os Jogos Olímpicos, o Brasil representa, hoje em dia, uma oportunidade para quem procura emprego "lá fora".
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Com apenas 6% por cento de desemprego e prestes a receber o Mundial de Futebol e os Jogos Olímpicos, o Brasil representa, hoje em dia, uma oportunidade para quem procura emprego “lá fora”. Em entrevista ao Boas Notícias, Paulo Sardinha, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH) e neto de portugueses, deixa algumas dicas sobre o mercado de trabalho do Brasil.

por Patrícia Maia

Energia, medicina, telecomunicações e turismo. Estas são, atualmente, as quatro grandes áreas de recrutamento no Brasil, sendo que a energia ocupa o primeiro lugar do pódio. Paulo Sardinha explica ao Boas Notícias que, “além da exploração do petróleo, que está em alta no Brasil”, o país quer também “começar a desenvolver as energias renováveis”. 


E nesta área, Portugal surge com “grande vantagem competitiva”, já que tem vindo a apostar “no desenvolvimento e na formação ao nível das energia alternativas, como por exemplo a energia solar, eólica e do mar”, diz o presidente da ABRH (na foto). 

Outra grande aposta do atual governo de Dilma Rousseff, e “onde ainda há muitas vagas por preencher”, é o recrutamento de médicos para os hospitais públicos. “Aqui, os profissionais portugueses têm boas oportunidades porque falam a mesma língua, têm uma formação de indiscutível qualidade, e têm facilidade ao nível da revalidação dos diplomas”, garante Paulo Sardinha.

Oportunidades fora de São Paulo e do Rio de Janeiro

O presidente da ABRH, e também diretor do departamento de recursos humanos da multinacional francesa Turbomeca (grupo Safran), sublinha que, quem quiser trabalhar no Brasil, deve “procurar oportunidades fora do Rio de Janeiro e São Paulo”, já que estas cidades estão saturadas e, no resto do país, há muitas indústrias e empresas a contratar.
 
Por exemplo, o turismo e a hotelaria são áreas onde os “portugueses se destacam uma vez que, além de falarem português, têm grande facilidade em dominar idiomas estrangeiros, como o inglês”. Por outro lado, têm uma grande tradição na indústria do turismo, o que também é uma mais-valia.
 
Mas para quem procura emprego nesta indústria, Paulo Sardinha aconselha que se pesquise oportunidades no Nordeste, onde, sobretudo devido à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos, estão a surgir “grandes oportunidades”.

Trabalho de pesquisa antes de partir 
 
Apesar de ter apenas 06% de taxa de desemprego, Paulo Sardinha avisa que o Brasil não é um 'El Dourado' e desaconselha que “as pessoas tentem a sua sorte sem ter feito trabalho de pesquisa”. “Na altura dos meus avós fazia-se isso mas os tempos são outros e essa aposta é muito arriscada, a menos que a pessoa tenha uma condição financeira que lhe permita uma viagem e uma estadia desse tipo”, avisa. 

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Geradores eólicos na praia de Canoa Quebrada, no Ceará (Nordeste)

Assim, o ideal, antes de partir, é fazer uma lista exaustiva das empresa relevantes em termos profissionais e, se possível, “verificar se há empresas portuguesas a operar no Brasil com vagas interessantes”, o que facilita bastante a contratação: “Já cá temos várias empresas portuguesas, como a Galp, que é pequena mas está a crescer, ou, na área das tecnologias das telecomunicações, a PT”. 
 

Paulo Sardinha aconselha a “pesquisar diretamente os sites das empresas porque quase todas anunciam as oportunidades de trabalho nas páginas de recrutamento”. Há, inclusivamente, algumas empresas de recrutamento portuguesas que já trabalham com empresas brasileiras, e isso também pode ser um bom caminho”, sugere. Em termos de sites de emprego, um dos melhores, garante, é o Vagas.

Uma boa alternativa ao emprego tradicional é “ficar atento às bolsas das universidades”, diz o presidente da ABRH. O “Brasil não tem muita tradição na atribuição de bolsas académicas mas é uma área que tem vindo a crescer”, explica, sugerindo a consulta ao site da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior para encontrar algumas oportunidades.

Vinhos e queijos como prioridades comerciais
 
Sobre as atuais relações comerciais entre Portugal e o Brasil, Paulo Sardinha, que tem dupla nacionalidade e o “coração dividido entre as duas nações”, lamenta que não sejam exploradas mais oportunidades por ambos os governos.


“O Brasil apostou na Mercosul que é pouco apetecível [para as empresas brasileiras] porque as necessidades e as indústrias são semelhantes e também porque na América do Sul, o Brasil é o único país que não fala espanhol”, salienta. Quanto a Portugal, o “mercado brasileiro oferece a oportunidade de aumentar [as vendas] para uma escala que não existe num país com 10 milhões de habitantes”. 

“A Câmara Portuguesa do Comércio devia receber mais investimentos para atuar com maior liberdade e ganhar vantagem em mercados como o do vinho e o dos queijos, que continuam dominados pela França ou Espanha e que podem dar resultados muito atraentes para Portugal”, defende o presidente da ABRH. 

Uma outra vantagem nestas indústrias, diz Paulo Sardinha, seria obter uma taxação mais reduzida, já que o Brasil aplica impostos muito pesados a estes produtos gastronómicos.

“Fico doente quando vejo o preço do queijo da Serra, que é tão caro no Brasil, nos supermercados portugueses”, brinca o neto de portugueses. Por outro lado, “o consumo de vinho é uma moda recente no Brasil mas que tem vindo a crescer e Portugal pode aproveitar esta oportunidade para se impor”, reforça.

 
Inspiração nos Descobrimentos

Foi de Trás-os-Montes, distrito de Vila Real, que em 1922 o avô materno de Paulo Sardinha saiu, numa longa viagem por mar, com destino ao Brasil. “Apesar de já ter nascido em território brasileiro, eu vivi as memórias da minha mãe e da minha avó e quando ponho os pés em Portugal, que visito todos os anos, tudo me é familiar”, salienta. 

Esta memória portuguesa continua a influenciar Paulo Sardinha, hoje com 53 anos, que também coordena um curso de pós graduação numa escola de recursos humanos do Rio de Janeiro. Nas suas palestras, Paulo aponta muitas vezes o exemplo dos descobridores portugueses. 
 
“Refiro muitas vezes o livro 'A primeira aldeia global', do autor inglês Martin Page, sobre a importância de Portugal e dos Descobrimentos na globalização do mundo, porque reforça essa capacidade de arriscar, de enfrentar o desconhecido, de empreender, que movia os navegadores portugueses e que é preciso recuperar nos nossos dias”, remata. 

Clique AQUI para visitar o site da ABRH.

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