Ciência

ALMA descobre pista para origem de poeiras galáticas

Novas observações obtidas pelo ALMA mostram os restos de uma supernova recente a transbordar de poeira. Se parte desta poeira chegar ao espaço interestelar, os astrónomos acreditam ter encontrado, finalmente, a explicação para o facto de muitas galáx
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Novas observações obtidas pelo Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) mostram pela primeira vez os restos de uma supernova recente a transbordar de poeira. Se parte desta poeira chegar ao espaço interestelar, os astrónomos acreditam ter encontrado, finalmente, a explicação para o facto de muitas galáxias terem uma aparência poeirenta.
 
As galáxias podem ser locais muito poeirentos, uma poeira composta sobretudo por grãos de silicatos e grafite (dois minerais muito comuns no nosso planeta). Pensa-se que as supernovas (explosões de estrelas com grande massa) sejam a principal fonte da poeira das galáxias, particularmente no Universo primordial. 
 
No entanto, evidências diretas da capacidade das supernovas em formar poeira têm sido difíceis de observar, não tendo sido possível até agora explicar a enorme quantidade de poeira detetada nas galáxias jovens distantes. As novas observações obtidas com o ALMA podem, no entanto, mudar este facto.
 
“Descobrimos uma quantidade notável de poeira concentrada na região central do material ejetado por uma supernova relativamente jovem e próxima”, explica em comunicado Remy Indebetouw, astrónomo no Observatório Nacional de Rádio astronomia (NRAO, National Radio Astronomy Observatory) e da Universidade de Virgínia, ambos em Charlottesville, EUA. 
 
“Esta é a primeira vez que conseguimos efetivamente obter uma imagem do local onde a poeira se forma, o que é um passo importante na compreensão da evolução das galáxias”, acrescenta o astrónomo.
 
Uma equipa internacional de astrónomos utilizou o ALMA para observar os restos brilhantes da Supernova 1987A, situada na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã que orbita a Via Láctea a uma distância de cerca de 160.000 anos-luz da Terra. A SN 1987A é a explosão de supernova mais próxima jamais observada, depois da observação de Johannes Kepler de uma supernova que explodiu no interior da Via Láctea em 1604.
 
Os astrónomos previram que, à medida que o gás arrefece depois da explosão, enormes quantidades de poeira formar-se-iam sob a forma de átomos de oxigénio, carbono e silício, ligados entre si nas regiões centrais frias do resto de supernova.

Observações anteriores não identificaram poeira

Contudo, observações anteriores da SN 1987A, obtidas com telescópios infravermelhos durante os primeiros 500 dias depois da explosão, revelaram apenas uma pequena quantidade de poeira quente. Com a resolução e sensibilidade sem precedentes do ALMA, a equipa de investigação conseguiu obter imagens de uma abundante poeira fria, que brilha intensamente na radiação milimétrica e submilimétrica. 

 
“Os novos resultados ALMA, que são os primeiros deste tipo, revelam um resto de supernova a transbordar de material que simplesmente não existia há algumas décadas atrás”, salienta Remy Indebetouw. 
 
No entanto, as supernovas tanto podem criar como destruir os grãos de poeira. A certa altura, parte da enorme explosão da supernova ricocheteia de volta em direção ao centro do resto da estrela.

“Esta onda de choque que vem de volta colidirá com os amontoados de poeira recentemente formada”, disse Indebetouw. “É provável que alguma desta poeira seja destruída nessa altura. É difícil prever a quantidade que será destruída  – talvez apenas um pouco, mas possivelmente cerca de metade ou mesmo dois terços.” 


“Se uma fração razoável sobreviver e chegar ao espaço interestelar, poderá explicar a enorme quantidade de poeira que os astrónomos detectam no Universo primordial”, diz ainda Indebetouw.
 
“As galáxias muito primordiais são incrivelmente poeirentas e esta poeira desempenha um papel importante na evolução das galáxias, “disse Mikako Matsuura da University College London, RU. “Hoje sabemos que a poeira pode ser criada de várias maneiras, mas no Universo primordial a maior parte deve ter tido origem nas supernovas. E agora temos finalmente uma evidência direta que apoia esta teoria”, conclui o especialista.

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